Execução inédita nos EUA: O uso de nitrogênio como método de asfixia e os dilemas morais da pena de morte

Carne, batata frita e fala sobre humanidade: as horas finais do primeiro homem executado por asfixia com nitrogênio nos EUA

Na noite desta quinta-feira (25), um evento chocante abalou os Estados Unidos, trazendo à tona um debate acalorado sobre a execução de prisioneiros. Pela primeira vez na história do país, um condenado à pena de morte foi executado por asfixia com nitrogênio. Kenneth Eugene Smith, que havia sido condenado por assassinar uma mulher em um assalto encomendado pelo marido da vítima, foi submetido a um método de execução que não havia passado por testes e que tem sido contestado por especialistas da Organização das Nações Unidas. O caso de Smith já tinha sido marcado por reviravoltas, pois em 2022 ele havia sido submetido a uma injeção letal, mas conseguiu sobreviver.

Como relata a CBS, o processo de execução de Kenneth Smith foi realizado sem precedentes testes e especialistas da Organização das Nações Unidas já expressaram preocupação com a forma cruel e desumana como o prisioneiro foi executado. Segundo os relatos, Smith foi colocado em uma maca pelos agentes e uma máscara de gás foi amarrada em seu rosto, substituindo o ar respirável por nitrogênio. Essa troca resultou em uma morte lenta por falta de oxigênio. As últimas palavras do prisioneiro, segundo testemunhas, foram: “Esta noite, o Alabama fez a humanidade andar um passo para trás. Vou embora com amor, paz e luz. Amo todos vocês”. Smith havia perdido dois recursos na Suprema Corte dos EUA e outro em um tribunal federal, tentando adiar sua execução.

O procedimento de execução foi testemunhado por cinco jornalistas e parentes de Kenneth Smith, que foram autorizados a acompanhar tudo através de um vidro. Segundo relatos, o prisioneiro pareceu consciente por vários minutos, começando a tremer logo em seguida. Ele se contorceu por cerca de dois minutos antes de respirar fundo e desacelerar. As autoridades do Alabama afirmaram que esperavam que Smith ficasse inconsciente em menos de um minuto e morresse em seguida. O comissário penitenciário do Alabama, John Hamm, relatou que o prisioneiro tentou lutar e enfrentou uma respiração agonizante, mas que tudo estava dentro do esperado pelas autoridades. Todo o processo durou aproximadamente 25 minutos.

Após a execução, Mike Sennett, filho da vítima assassinada por Smith, se pronunciou afirmando que a justiça havia sido feita. Porém, ele ressaltou que nada do que ocorreu naquele dia traria sua mãe de volta e desabafou: “É um dia meio agridoce. Não vamos ficar pulando e comemorando, porque não somos assim. Mas estamos felizes que esse dia acabou”. A governadora do Alabama, Kay Ivey, também confirmou a morte de Kenneth Smith, afirmando que ele finalmente respondeu por seus crimes horrendos.

Antes da execução, a Organização das Nações Unidas contestou o método escolhido pelos Estados Unidos para executar o prisioneiro. Os quatro relatores da organização afirmaram que a asfixia por nitrogênio é cruel, desumana e degradante, considerando-a até mesmo uma forma de tortura. Além disso, médicos e veterinários são contra esse tipo de execução. A Associação Veterinária Americana declarou que o uso do gás nitrogênio em mamíferos, exceto porcos, é um método estressante e pode causar muito sofrimento.

O julgamento de Kenneth Smith também foi marcado por reviravoltas. Ele foi condenado por assassinar uma mulher durante um assalto, encomendado pelo marido da vítima. Inicialmente, ele foi sentenciado à pena de morte em 1989, mas a defesa conseguiu anular a sentença em um recurso. Porém, em 1996, Smith foi novamente considerado culpado em um segundo julgamento. Dessa vez, o júri recomendou a pena de prisão perpétua, mas o juiz decidiu impor a pena de morte mais uma vez, ignorando a recomendação do júri. John Forrest Park, comparsa de Smith, também foi condenado e foi executado em 2010.

Smith já havia passado por uma tentativa de execução em 2022, quando foi submetido a uma injeção letal. Porém, a equipe responsável não conseguiu encontrar uma veia adequada para introduzir o veneno. Ele foi uma das duas únicas pessoas nos Estados Unidos que sobreviveram a uma tentativa de execução. Apesar das tentativas da defesa para barrar a execução, o juiz rejeitou os apelos, afirmando que os argumentos eram baseados apenas em especulações.

A morte de Kenneth Smith por asfixia com nitrogênio levanta múltiplas discussões sobre a aplicação da pena de morte nos Estados Unidos, especialmente quando há métodos controversos envolvidos. A execução do prisioneiro foi marcada por apreensão e controvérsia, levando a Organização das Nações Unidas e outras entidades a questionar o uso do gás nitrogênio como método de execução. Aguardamos ansiosamente para ver como essa questão será debatida no futuro e como outras nações lidarão com métodos similares em suas próprias execuções.

E você, caro leitor, o que achou desse método de execução? Acredita que ele vai contra os princípios de humanidade? Deixe sua opinião nos comentários e participe dessa discussão!

rogerioribeiro

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